Jorge Aragão desanima o forró com ‘Herança’, disco em que o bamba entra na roda nordestina sem verve e malícia

  • 30/06/2025
(Foto: Reprodução)
Capa do álbum ‘Herança’, de Jorge Aragão Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Herança Artista: Jorge Aragão Cotação: ★ ★ 1/2 ♬ Álbum lançado por Jorge Aragão na última terça-feira, 24 de junho, Herança é disco que surpreende até quem sabe que, volta e meia, o sambista incursionou pelo território da música nordestina. No segundo álbum solo, Verão (1983), título atípico da discografia de Aragão, o cantor deu voz ao xote Facilita (Luiz Ramalho, 1973) e seguiu a toada nordestina em Eu me conheço (Nelson Rufino, 1983) – para citar somente dois exemplos. Além de ser o primeiro álbum de estúdio do artista desde E aí? (2006), disco lançado há já longínquos 19 anos, Herança é disco voltado para ritmos como xote e baião, gêneros da música nordestina agrupados genericamente sob o rótulo genérico de forró. A rigor, por ter somente sete músicas e 20 minutos, Herança é disco situado na fronteira entre álbum e EP. Mais do que a caracterização exata do disco, importa o fato de Jorge Aragão – carioca de ascendência amazonense – apresentar álbum apático, aquém do histórico fonográfico do artista. Em Herança, Aragão canta duas músicas de autoria própria – os xotes Nos jardins da sedução (inédito tema dengoso, embebido em lirismo recorrente no cancioneiro do compositor conhecido pelo epíteto Poeta do samba) e Rede velha (tema de 2001 em que o compositor procura esboçar sensualidade) – e rebobina cinco standards do cancioneiro nordestino em tons outonais. O cantor até consegue evocar a melancolia do baião Qui nem jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949). Em contrapartida, o chamego fica sem pegada no canto de Numa sala de reboco (Luiz Gonzaga e Zé Marcolino, 1965), música que pede intérpretes mais arretados como Alceu Valença e Elba Ramalho. De Alceu, a propósito, Aragão reaviva Flor de tangerina (Alceu Valença, 2002), tirando o sabor do xote. Ao revisitar Chupando gelo (Edésio Deda, 1963), Aragão também enxuga a irreverência e a verve desde coco forrozeiro de duplo sentido que alavancou a carreira do Trio Nordestino no início da década de 1960. Faltou malícia ao canto do sambista. Como intérprete neste álbum fora da curva, Aragão soa mais talhado para o lamento sertanejo de Súplica cearense (Gordurinha e Nelinho, 1960). Enfim, a despeito de ser um dos maiores bambas do samba, Jorge Aragão desanima o forró neste surpreendente (mas nem por isso sedutor) disco Herança.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/06/30/jorge-aragao-desanima-o-forro-com-heranca-disco-em-que-o-bamba-entra-na-roda-nordestina-sem-verve-e-malicia.ghtml


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